quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Maria Lata D’Água deixa o samba por vida de missionária

Hoje, Maria trocou a lata d'água pela oração em Cachoeira Paulista 
( Foto: Allan Torquato)

Maria Mercedes Chaves, este é o nome de batismo de Maria Lata D’Água. A ilustre figura que estrelou o programa do Chacrinha e foi referência para a criação da marchinha que leva o seu nome, deixou a passarela do samba para viver um novo panorama de vida no Vale do Paraíba. Mineira, da cidade de Diamantina, ela foi uma das mais celebres passistas do carnaval do Rio de Janeiro e conhecida por sair desfilando com a lata d’água na cabeça. Hoje aos oitenta anos, cheia de vitalidade e disposição, sua nova missão é atuar como missionária em Cachoeira Paulista.

A música de Maria conquistou os palcos e o cinema através da voz da ilustre cantora Marlene. A letra, composta por Luis Antonio e Candeias, retrata o talento de Maria equilibrar a lata d’água.

A habilidade veio na infância. Sem água encanada, a alternativa era buscar em uma fonte para poder realizar os serviços domésticos. Tendo, desde pequena, responsabilidades, sem ter uma infância como a das outras crianças, carregar o objeto na cabeça era uma forma de diversão. “Eu não tive aquela infância em que podia brincar na rua, então brincava com a lata d’água na cabeça. Vinha com ela dançando, pulando amarelinha, correndo atrás das crianças e até pulava corda com ela”, contou.

Aos poucos, o que era obrigação se tornou diversão e a capacidade de manter a lata na cabeça a tornaria uma referência na história da festa popular.
Nos carnavais, foi no Salgueiro, em 1949, que Maria iniciou sua carreira. Sem poder sair com o objeto que a caracterizava, a passista abandonou a escola e optou em desfilar pela Portela, onde passou cinquenta anos. Nem mesmo vivendo do outro lado do hemisfério, no Velho Continente, ela abandou os carnavais, e durante todo o período em que viveu na Europa, desfilava todos os anos com o acessório. 

De volta ao Brasil, em 1984, Maria Lata D’Água, conheceu a comunidade católica Canção Nova, em Cachoeira Paulista, e se converteu à Renovação Carismática, movimento da Igreja Católica. Maria abandonou os carnavais e a partir dos anos 1990, passou a dedicar-se inteiramente a comunidade. Após a morte da mãe e do marido, ela decidiu deixar a vida na capital fluminense e migrar para o Vale do Paraíba, onde se consagrou missionária da comunidade.

Hoje, os novos hábitos mostram outra mulher, diferente de outros carnavais. Agora, segundo ela, as festas são com Cristo, o que traz muito mais alegria. Como missionária ela usa sua história para dar testemunhos de vida,

Escrevendo a próprio punho, sem gravador ou computador, e como ela afirma, com um português não muito bom, Maria aos poucos vai colocando no papel sua trajetória. Há cinco anos produzindo sua autobiografia, espera ter logo o livro publicado. Para ela a obra será importante para levar o testemunho de Jesus às pessoas através de suas vivências. “O livro é para conversão de muitas pessoas, eu tenho certeza que vai arrastar muita gente, pois eu tenho diversas historias para todas as idades”.

Com humildade estampada no modo de agir, a missionária, ao ser questionada sobre ser um ícone da cultura popular brasileira e referência do carnaval, abre um sorriso para responder. “Sempre fui simples. Sinto-me normal. Eu sou uma pessoa que vive o presente. Com o passado e o futuro e não me incomodo não. Eu vou andando e jogando minha rede para frente”, completou.

Reportagem Allan Torquato
Jornal Atos

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