quinta-feira, 12 de março de 2015

Cruzeirense é destaque em projeto de monotrilho no Maranhão

Existe uma alternativa viável para melhorar o sistema de transporte na capital, utilizando o monotrilho, já testado nos Estados Unidos, Japão, Europa e recentemente em São Paulo.

Com amplo conhecimento e experiência de 30 anos no setor ferroviário, o especialista Romeu Bisso Junior, 53 anos, explica nesta entrevista os detalhes da implantação e operação do monotrilho.

Formado em Tecnologia Mecânica Modalidade Projetos, pela Faculdade de Tecnologia de Cruzeiro-SP, ele atua como consultor técnico para Operadoras Logísticas.

Professor do Uniceuma, filho de mestre em Construções de Vagões na antiga Fábrica Nacional de Vagões, em Cruzeiro (SP), Bisso Junior cresceu em meio a linha férrea e as estações ferroviárias do Interior de São Paulo. Reside em São Luís desde 2008 e atuou na Vale como representante técnico de uma grande empresa fabricante de vagões. 
 
Romeu Bisso Junior: 30 anos vivendo e trabalhando no setor ferroviário
Mais barato e com melhores condições de instalação que o VLT, omonotrilho é adequado para os canteiros centrais das grandes avenidas de São Luís.

Veja a entrevista:

Blogue – Como você avalia a tentativa de implantação do VLT em São Luís?

Romeu Bisso Jr: Não conheci o projeto nem os profissionais que nele estavam envolvidos, porém, pelo que foi apresentado e implantado ao fim do Governo Castelo tenho certeza absoluta que o VLT não seria (e não o é) a melhor opção para nossa ilha.

Blogue – Você recomenda a retomada do projeto do VLT?

Romeu Bisso Jr: Não. Temos atualmente outras tecnologias mais eficazes e com custos muito menores que a do VLT.

Blogue – Quais seriam os principais impedimentos e dificuldades para a concretização do VLT em São Luís?

Romeu Bisso Jr: As desapropriações para a construção da via seriam de valores extremamente altos o que de imediato elevaria astronomicamente o custo desse projeto. Outro fator importante é a Legislação Ferroviária Brasileira. Ela exige uma área de recuo em ambos os lados da via e recuo nas áreas inicialmente implantadas era tudo que não se teria.

Blogue – Descartado o VLT, que tipo de transporte sobre trilho você recomenda para a capital?

Romeu Bisso Jr: São Luis é provida de grandes avenidas de pista dupla que dão acesso a vários pontos importantes da cidade. E uma característica importantíssima nessas avenidas é que elas possuem Canteiro Central. Essa é a grande vantagem que propicia a implantação de um sistema moderno, de custo muito menor que o VLT em São Luis. Esse sistema de transporte é o MONOTRILHO.

Blogue – Quais as vantagens do monotrilho para São Luís?

Romeu Bisso Jr: Primeiramente é a grande diminuição ou quase ausência dos custos de desapropriações, visto que o sistema é construído em áreas públicas, no caso de São Luis, nos canteiros centrais das grandes avenidas.

Muitos outros fatores avalizam o sucesso desse sistema de transporte como o fato de o Monotrilho circular por via aérea sobre estruturas de concreto pré-fabricadas. Assim um sistema rodoferroviário seria implantado em um só espaço físico. A sua implantação também tem um tempo abreviado pelo fato de serem usadas estruturas prontas.

Outro aspecto importante é a questão do menor impacto ambiental do sistema seja em termos de ruído (NBR 10151 e 10152), na emissão de poluentes, obstrução visual e efeito sombra das estruturas de suporte.

A velocidade média do sistema é de 35 km/h e a velocidade operacional pode chegar a 90 km/h.
 
Matéria mostra vantagens do monotrilho: menor, mais estreito e leve
Blogue – Como o monotrilho poderia ser implantado concretamente? Cite um exemplo de avenidas na capital onde seria viável.

Romeu Bisso Jr: As estruturas (pilares) são construídas no canteiro central da Avenida que recebe posteriormente as vigas a uma altura entre 12 a 15 metros. Nelas são instalados todo o sistema de movimentação da Unidade Operacional de Trem (TUE). Avenidas como a Jerônimo de Albuquerque que possui ligação com a Guajajaras e Gov. Matos Carvalho é um exemplo de grande avenida que pode receber o projeto pelo fato de cortar a cidade e interligar vários bairros.

A Avenida Daniel de La Touche, Holandeses idem. Tudo depende de estudos de viabilidade.

As estações de embarque e desembarque poderão ser construídas em convênio entre estado e iniciativa privada da capital em locais estratégicos como, por exemplo, nos shoppings.

Blogue – É possível instalar uma linha de monotrilho ligando São Luís a Itapecuru, por exemplo?

Romeu Bisso Jr: (suspiro)... É possível, porém com custo elevadíssimo. Mas a grande prioridade hoje, todos nós sabemos é solucionarmos os problemas de transporte da capital. De Itapecuru a São Luis, o meio de transporte mais viável é o rodoviário.

Blogue – Você teria uma estimativa de custo do monotrilho para um trecho dentro de São Luís?

Romeu Bisso Jr: Temos como base o projeto de São Paulo que foi amplamente divulgado. A linha que ligará a Vila Prudente a Cidade Tiradentes, por exemplo, é um projeto de proporções muito maiores que a realidade de São Luis, assim, qualquer estimativa de custo sem a devida análise seria no mínimo descabidas. Somente um grupo de estudos e de viabilidades para tal.
 
São Paulo já pensa o monotrilho como modalidade complementar ao metrô

Blogue – Considerando as nossas avenidas estreitas, por onde passaria a linha do monotrilho?

Romeu Bisso Jr: A visão maior seria prover por esse sistema, as grandes avenidas que necessitam dar condições para um maior fluxo de ida e vinda para a população e que seriam usadas como espinha dorsal. O sistema de ônibus que pode ser instalado a partir das estações principais é também o grande apoio ao sistema, pois proverá o acesso a outros vários bairros de São Luis.

Blogue – Como ficaria a iluminação pública dos canteiros centrais, levando em conta que o monotrilho ocuparia essa faixa? O que fazer para substituir os postes de luz?

Romeu Bisso Jr: A própria estrutura abriga o sistema de iluminação já que tudo estaria localizado no canteiro central da avenida. Claro que dispostos de forma racionalizada e sempre sob a inspeção periódica.

Blogue – Quantas pessoas podem ser transportadas em cada vagão do monotrilho? Há uma estimativa de quantidade diária de passageiros? Você poderia fazer uma simulação para uma linha, por exemplo?

Romeu Bisso Jr: Irá depender de um estudo prévio para São Luis, como disse. Em São Paulo, na linha Vila Prudente a Cidade Tiradentes um trem contendo sete carros passageiros transporta mil pessoas. E a capacidade do sistema é para 48 mil passageiros por hora. Só para se ter ideia, uma linha de metrô leva em média 60 mil pessoas por hora.

Blogue – Quais os níveis de segurança e manutenção do monotrilho, em caso de pane?

Romeu Bisso Jr: Todo sistema é mantido por equipes dispostas ao longo da via. O fato de ocorrer uma pane é remoto dado à tecnologia avançada que monitora todo o sistema. Exemplo disso é o fato de que os trens funcionam sem operadores.

Blog – Existem experiências bem-sucedidas de implantação do monotrilho? Onde e desde quando funcionam?

Romeu Bisso Jr: Com certeza existem sim. Chicago, Las Vegas. No Japão eles são usados desde a década de 50. Na Itália, no Canadá igualmente. Em São Paulo o sistema tem dado os resultados esperados. A implantação de um projeto desse porte em São Paulo dá-nos a consciência de que projetos de menor porte e adaptáveis a realidade de outras capitais de menor população, mas com problemas iguais proporcionalmente são viáveis.

Fonte:blogdoedwilson

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