Ao assumir a Prefeitura de Cachoeira Paulista, na manhã desta quarta-feira (2), o novo prefeito João Luiz do Nascimento (PT) teve uma surpresa nada agradável. Salários atrasados, frota sucateada, telefones cortados e infraestrutura precária foram alguns dos problemas encontrados pelo petista no seu primeiro dia de trabalho.
Na prefeitura, os telefones estavam mudos. Foram cortados por falta de pagamento. Atendimento em órgãos importantes, como o Procon, foram prejudicados. "Nós estamos há dois meses só podendo ligar para números 0800, porque só nos restou um orelhão para fazer ligações. A população entende que nossa situação, como funcionário é difícil", diz Regina Godoy Sampaio, coordenadora do Procon de Cachoeira Paulista.
Para acionar uma ambulância na cidade, mais dificuldade. "O telefone 192 não estava funcionando. Há atraso no pagamento desde agosto. O mesmo acontece com o salário dos médicos e com o pagamento de fornecedores da área da saúde", diz João Luiz. Segundo a nova administração, a falta de pagamento para uma empresa que recolhe lixo hospitalar causa, há meses, o acúmulo de lixo em cômodos da Santa Casa da cidade.
Em novembro, o prédio da prefeitura teve o fornecimento de energia elétrica cortado por falta de pagamento das contas. "Quando eu vi a situação, só pude concluir que um furacão passou por aqui. É lastimável a situação das contas de uma cidade que poderia estar em uma situação muito melhor", diz o prefeito.
Frota
Na garagem municipal, pelo menos 25 veículos, de uma frota de 61, não estão em condição de rodar. São ambulâncias, caminhões e carros com problemas diversos, que vão desde a falta de pneus até a falta de motores. "Temos carros com seis anos de uso e com o motor fundido. Um trator em boas condições foi tomado pela Justiça no último mês, por falta de pagamento", diz Leandro Neto, novo secretário de transportes do município.
Em entrevista ao G1, dada antes de assumir a prefeitura, João Luiz alegou que não conseguiu estabelecer um governo de transiçãocom a administração anterior e que se preocupava com a situação que poderia encontrar.
Operação Pit Stop
Outro problema encontrado pela nova administração foi a falta de computadores e dados sobre a contabilidade da prefeitura. "Muitos computadores não funcionam e os que funcionam estão sem os discos rígidos, que foram levados pela Polícia Federal em dezembro. Também faltam contratos e outros documentos", diz João Luiz.
O prefeito se refere à Operação Pit Stop, que no início do último mês realizou buscas e apreensões em departamentos da prefeitura, em busca de informações sobre o abastecimento de veículos da frota municipal.
Segundo a Polícia, nos últimos três anos a Prefeitura de Cachoeira Paulista gastou R$ 10 milhões em apenas um posto de combustíveis da cidade. A quantidade de combustível que poderia ser comprada com este valor daria para todos os veículos da frota irem e voltarem de Porto Alegre, diariamente. O inquérito da operação deve ser concluído em fevereiro.
O G1 procurou, por telefone, o ex-prefeito de Cachoeira Paulista, Fabiano Vieira (PSDB), durante toda a tarde desta quarta-feira (2). Ele não foi localizado até a publicação da reportagem.
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