O “jogador” Denis Vieri, de 34 anos, sumiu do Força e Luz e do mapa. Após reportagem publicada pelo GloboEsporte.com que mostrava que ele não tinha registros em nenhuma das equipes que alegou ter jogado – como Santos, Vasco e Shakhtar Donetsk (Ucrânia) -, o Time Elétrico o dispensou.
O problema é que ele desapareceu e deixou os quatro atletas que “agenciava” na equipe de Natal. Vítimas da história criada pelo falsário, Melquisedeque Carlos, Hélio Ciro e Wesley Henrique, que são de Minas Gerais, e Jefferson Lima, de São Paulo, não têm dinheiro para retornar para suas cidades.
Depois de ser dispensado do Time Elétrico, Denis Vieri deixou o alojamento para sacar dinheiro que seria supostamente usado para comprar as passagens dele e dos outros quatro atletas de volta para Belo Horizonte. Um deles, o meia Jefferson Lima, o acompanhou para garantir que ele estaria por perto. Quando foi a uma padaria ao lado do caixa, Denis sumiu com a mala que estava e não apareceu mais.
Os quatro jogadores enganados garantiram que farão um Boletim de Ocorrência contra Denis Vieri e vão processá-lo na Justiça. Eles contaram que souberam da farsa do empresário na manhã desta quarta-feira e foram conversar com dirigentes do clube para explicar que não sabiam das intenções de Vieri e de que também eram vítimas na história.
– Nós falamos com todos os atletas que não sabíamos disso. Fomos logo na sede do clube conversar com o próprio diretor e tirar satisfação de toda essa história, porque realmente a gente não tem nada a ver com isso. E por isso que a gente está aqui hoje afirmando que a gente não tem nada com isso. Ele fez essa sacanagem com a gente. Nós estamos aqui como vítimas – disse o atacante Wesley Henrique, o Riquinho, de 25 anos.
O Força e Luz não dispensou os atletas, apenas Denis Vieri. Enquanto os jogadores não conseguem retornar às suas cidades, o clube ofereceu moradia e alimentação para eles em Natal.
O golpe
Ao trazer os atletas para o Força e Luz, Denis Vieri prometeu um salário entre R$ 2 mil a R$ 3 mil a todos eles. Ao clube, no entanto, a história era outra: ele afirmava que ele e os outros quatro atletas chegavam sem custos. O Time Elétrico só daria moradia (no alojamento do clube) e alimentação.
Assim, o início da história se costurou. Após o acerto com o Força e Luz, Denis Vieri pediu para três dos quatro jogadores depositarem R$ 1.459 para a compra das passagens aéreas de cada um. O quarto integrante do grupo, Hélio Ciro, precisaria pagar R$ 2.459 pela passagem, mas fez a transferência de R$ 1.300. Após a chegada a Natal, foi cobrado por Denis, via WhatsApp, por sua “dívida” de R$ 1.200. O falsário teria comprado apenas as passagens de ida e embolsou o restante do dinheiro transferido pelos atletas.
Jefferson Lima da Silva,foto, de 25 anos, era barbeiro e cabeleireiro na cidade de Cruzeiro (SP) e, com a esperança de ser jogador de futebol, estava há pouco tempo sendo “agenciado” por Denis Vieri. Quando surgiu a proposta repentina do Força e Luz, que acreditou poder mudar a sua vida, Jefferson se desfez do ponto da barbearia e vendeu o material de trabalho por R$ 1.500.
– Eu trabalhava como barbeiro na minha cidade e precisava decidir de um dia para o outro. Como as coisas aconteceram muito rápido, acabei vendendo todo o meu material por um preço muito abaixo do que ele vale. Eu investi mais de R$ 10 mil, ao todo, nisso, mas achei que valeria a pena porque em três meses eu poderia tirar o que gastei – lamentou o jogador, que disse não saber como vai trabalhar quando retornar para casa.
Fonte:Leonardo Erys/ G1
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